Há quem diga que a crônica está fora de moda. Esse gênero, considerado menor, menos nobre, indigno de um ganhador de prêmio Nobel de literatura é presa fácil das línguas ferinas dos literatos em suas mesas empoeiradas. Mas como pode estar fora de moda um gênero que traz a referência ao tempo em seu próprio nome? Para Antônio Cândido, a crônica está sempre ajudando a estabelecer ou restabelecer a dimensão das coisas e das pessoas, pois pega o miúdo e mostra nele a grandeza. Em tempos tão confusos e cinzas, por que, então, não retornar a um gênero que restabelece dimensões, faz muito com pouco e extrai sorrisos até dos carrancudos?
Mas convém não exagerar! O sorriso da crônica não pode ser gargalhada. Uma crônica que se preze não faz ninguém mostrar todos os dentes. É preciso manter algum grau de gravidade para que a vida seja entendida como algo de que se deva sorrir, mas não debochar. O sorriso que a crônica suscita deve ser um sorriso de canto de boca. Alegre, mas não muito.
Esta é a proposta de Renato Maia, nascido em 1984, no ABC paulista. O autor é formado em Audiovisual e Filosofia. Sabendo da promissora capacidade de suas áreas de formação proverem seu sustento, Renato, como todo humano temente ao Deus das contas vincendas, foi aprovado em um concurso público de um grande banco e nesse trabalho construiu, com afinco, dedicação e disciplina, os mais sólidos alicerces de sua infelicidade.
Há dez anos, um colapso nervoso o alertou sobre a possibilidade de morrer durante um dia de trabalho, numa semana em que pudesse haver emenda de feriado. Decidiu, pois, largar uma vida segura e rentável como consultor de investimentos concursado e se demitiu no exato dia em que seria promovido. Desde então, em vez de ser um proto-artista frustrado com bolso de funcionário concursado, optou por ser um ex-concursado, com bolso frustrado de artista.


Não obstante, hoje tem todas suas contas em dia e afirma ter dinheiro suficiente para viver com tranquilidade… desde, é claro, que morra até o fim da próxima semana.
Atualmente, trabalha no setor audiovisual, exercendo as funções de diretor, roteirista, fotógrafo e montador.
Cinema, Filosofia e Literatura são seus maiores e verdadeiros guias nesta jornada. Allegro ma non tropo é seu mais novo lançamento literário.

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