A 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que ocorre de 6 a 15 de setembro, reunirá mais de 300 autores nacionais e internacionais, entre eles, nomes indígenas que se destacam cada vez mais no cenário literário. Entre os autores indígenas presentes, Edson Kayapó, do povo Mebengokré, figura como um dos destaques dessa edição, reforçando a importância da presença indígena em eventos de grande porte como a Bienal.

Nascido no Amapá e atualmente historiador e professor no Instituto Federal da Bahia, em Porto Seguro, Kayapó vem à Bienal com uma missão clara: aproximar a sociedade brasileira das ricas diversidades sociolinguísticas e cosmológicas dos povos originários. Segundo ele, a presença indígena no evento — por meio de lançamentos de livros, palestras e oficinas — amplia os diálogos multiétnicos e interculturais, fortalecendo os laços entre a sociedade hegemônica e os indígenas.

Em dois momentos importantes, Kayapó estará em evidência. No dia 10, às 12h, no espaço BiblioSesc-Praça da Palavra, ele apresentará a contação de história “Contando histórias para adiar o fim do mundo”, onde abordará temas como a diversidade cultural, os direitos indígenas e a crise climática, destacando o papel dos povos originários na preservação ambiental. À noite, às 20h, no Salão de Ideias, ele participará da mesa “Abya Yala: a América é indígena”, ao lado dos escritores Abel Antonio Santos e Mariza Namoro, com mediação de Geni Nuñez.

Kayapó faz questão de lembrar o conceito de “Abya Yala”, termo utilizado pelos povos Kuna (Panamá/Colômbia) para se referir ao continente americano, traduzido como “terra madura” ou “terra que floresce”. Ele destaca a relevância histórica e cultural dos povos indígenas no continente, afirmando: “Se pensarmos historicamente, eles [os europeus] chegaram aqui ontem. Nós sempre estivemos aqui”. Sua fala ecoa uma crítica à maneira como os povos originários são tratados no Brasil e em outras partes das Américas.

O protagonismo indígena na Bienal de São Paulo é um sinal claro de que os povos originários estão se fortalecendo e conquistando novos espaços. A literatura indígena, representada por nomes como Edson Kayapó, traz ao público uma vasta gama de saberes, memórias e formas de conceber o mundo que têm sido historicamente negligenciadas.

Além de sua contribuição para a literatura, Kayapó é um importante crítico do modelo hegemônico de desenvolvimento, que ele considera uma ameaça para a humanidade. Sua escrita oferece um contraponto ao discurso dominante, sugerindo que a reconstrução de um futuro mais sustentável deve começar pelos saberes ancestrais dos povos indígenas.

A participação de Kayapó e outros autores indígenas na Bienal do Livro reafirma a relevância de suas vozes no cenário cultural contemporâneo, reforçando a necessidade de diálogo e reconhecimento das tradições indígenas na construção de um futuro mais justo e equilibrado.

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