Na última quinta-feira (25), o Ministério da Saúde confirmou duas mortes causadas pela febre oropouche no Brasil. Estas são as primeiras ocorrências de óbito pela doença registradas na literatura científica mundial. As vítimas eram duas mulheres do interior da Bahia, com menos de 30 anos, sem comorbidades, que apresentavam sintomas semelhantes aos de dengue grave.
Aumento de Casos
Neste ano, o país já registrou 7.236 casos de febre oropouche, um aumento alarmante de 766,6% em relação ao ano passado. A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) confirmou os óbitos e enfatizou a importância das medidas de prevenção, destacando o uso de repelentes para evitar picadas de mosquitos.
O que é a Febre Oropouche?
A febre oropouche é uma infecção viral causada pelo Orthobunyavirus oropoucheense, transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Outros insetos como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus também podem transmitir o vírus em áreas silvestres. Em áreas urbanas, o mosquito Culex quinquefasciatus pode atuar como vetor.
Sintomas e Complicações
Os sintomas da febre oropouche incluem febre alta, dores de cabeça intensas, dores musculares e articulares, além de manifestações hemorrágicas em alguns casos. Os sintomas aparecem de 4 a 8 dias após a picada do mosquito infectado.
A médica infectologista Karina Martins explica que os sintomas são semelhantes aos da dengue, chikungunya e zika, mas com algumas diferenças significativas. “A maioria das pessoas apresenta febre, dor de cabeça, dor nos olhos ou atrás dos olhos, e vermelhidão cutânea. O que diferencia é a recuperação mais lenta, que pode durar várias semanas, e cerca de 60% dos pacientes podem apresentar recidiva após uma ou duas semanas de cura.”
Prevenção e Tratamento
A prevenção da febre oropouche envolve evitar picadas de mosquitos por meio do uso de repelentes, roupas de manga longa e telas em portas e janelas. Também é essencial eliminar focos de água parada.
Não há tratamento específico ou vacina disponível para a febre oropouche. O cuidado é baseado no tratamento dos sintomas com analgésicos, antitérmicos, repouso e hidratação adequada. Pacientes com sintomas graves devem ser hospitalizados para monitoramento intensivo.
Grupos de Risco
Embora qualquer pessoa possa ser infectada, crianças, idosos e pessoas com sistemas imunológicos comprometidos são mais vulneráveis. Karina Martins alerta para a necessidade de notificação dos casos e envio para vigilância epidemiológica, devido à falta de testes disponíveis em laboratórios particulares.
A rápida identificação e tratamento dos casos de febre oropouche são essenciais para prevenir complicações e mortes. Com o aumento significativo de casos e as primeiras mortes registradas, é crucial que a população adote medidas preventivas e que as autoridades de saúde intensifiquem as ações de vigilância e controle da doença.