A literatura brasileira ganhou uma obra essencial e histórica: “Oralidade agora se escreve”, publicada pela Editora Revista África e Africanidades. Organizada pela renomada escritora, educadora e ativista negra Lia Vieira, a coletânea reúne 26 escritoras negras do Brasil, em narrativas que afirmam a escrita como extensão da palavra falada, das ancestralidades e dos modos de existir que o racismo tentou silenciar, mas que seguem vivos e pulsantes.

O livro é o resultado da oficina “Multiplicando saberes ancestrais: Oralidade agora se escreve”, conduzida pela escritora Lia Vieira no Museu do Samba, na cidade do Rio de Janeiro. Idealizado para incentivar mulheres negras a utilizarem a escrita como meio de expressão e autoconhecimento, o projeto ressalta a escrita como um ato de resistência e afirmação de vivências.

A obra é um verdadeiro mosaico de vozes negras femininas que, por meio de contos, crônicas, poesias e relatos, resgatam memórias e afetos, reivindicam identidades, narram dores e conquistas, e constroem novas formas de aquilombamento. Em cada texto, os fios da oralidade ancestral se entrelaçam com os gestos da escrita contemporânea, numa prática de (re)existência coletiva.

“O livro é um lugar de escuta e de presença. Uma celebração do que fomos, do que somos e do que seremos. Cada autora traz no corpo da escrita uma história que rompe silêncios impostos por séculos”, afirma Lia Vieira, uma das pioneiras da literatura negra brasileira e militante do movimento negro desde os anos 1970. 

A capa da coletânea presta uma homenagem simbólica e justa à escritora, multiartista e militante negra Lydia Garcia, uma das autoras presentes na obra. Lydia é reverenciada não apenas por sua produção artística, mas também por sua trajetória de luta, sua atuação comunitária e sua força inspiradora para novas gerações de mulheres negras.

Em um contexto social em que a violência simbólica ainda atinge fortemente os corpos e as vozes negras, “Oralidade agora se escreve” reafirma o poder da palavra como instrumento de denúncia, de cura e de territorialização da intelectualidade negra. A coletânea também se insere como potente ferramenta pedagógica para a implementação da Lei 10.639/03, que exige o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas.

“Oralidade agora se escreve” encontra-se à venda nas grandes lojas e livrarias como Amazon, Estante Virtual, Americanas, Extra, Casas Bahia dentre outras. Nos últimos meses, as escritoras da coletânea, estão participando de potentes agendas em diversas cidades do país com lançamentos, rodas de conversa, saraus, feiras literárias e palestras de forma a ampliar as reflexões e debates trazidos pela leitura da obra. 

A coletânea Oralidade agora se escreve vem sendo incorporada ao acervo de diversas bibliotecas e centros de estudos no Brasil e no exterior, como por exemplo, do Center for Latin American, Caribbean, and Latinx Studies Program da Vanderbilt University em Nashville, Tennessee, nos Estados Unidos.

Este livro é mais do que uma publicação — é um território literário quilombola, onde escritoras negras se reconhecem, se protegem e se projetam. Uma obra fundamental para quem acredita na literatura como gesto político, estético e ancestral. 

Título: Oralidade agora se escreve

  • Organização: Lia Vieira
  • Editora: Revista África e Africanidades
  • Publicação: 2024
  • Edição:
  • Idioma: ‎ português
  • Número de páginas: ‎ 148 páginas
  • ISBN:  978-6584913578
  • Peso do produto: ‎ 180 g

 

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